Oh, corte meus pensamentos, corte minhas ações, corte meu afago e corte minhas emoções! Corte tudo isso da minha vida em um único fio. Mas, corte tudo até a raiz para que novamente recomece, sem mais lamúrias e exceções.
Mamãe, como é frio lá fora! Os ventos cortam meu rosto até não sobrar mais nada. Até o osso. Até que o osso se corroa e apenas sobre o ócio dos longos dias longos.
Como me sinto triste. As lágrimas correm em meu rosto de maneira involuntária, tão involuntária quanto a orla de meus sentimentos. Tudo é frio. Até mesmo nos dias mais quentes e o barulho agora é somente silêncio opaco.
Porém, como um silêncio pode ser opaco? Não sei dizer, apenas escrevo.
Oh, mamãe, fale comigo com sua voz que tudo consola e seus braços que me ninam desde o berço.
Quero cortar todos os laços. Quero cortar da memória tudo aquilo que me faz mal ao coração. As vezes, quero cortar até mesmo o coração. Todas as lembranças e o rancor e as lágrimas. Apenas emoldurar minhas palavras, como que em um corte rápido e tenaz. Apenas isso. Apenas um corte na cutelaria da vida.