Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar!… E o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós…
Q’rer apagar no Céu – Ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, como o vento!…
E não se apaga, não… nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga…
Vem sempre perguntando: “O que te resta?…”
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!
Florbela Espanca nasceu em 1894 e já aos oito anos de idade iniciou sua trajetória no mundo da escrita, sendo hoje reconhecida como uma das mais célebres poetisas de Portugal. Apesar de ter morrido aos 36 anos, viveu intensamente por meio de sua poesia, que transpirava dor, alegria, saudade a amor.
Respostas de 2
Profundo e sensível. Tocante.
Caríssimo Simon, obrigada pela presença no portal. Realmente, Espanca é e sempre será capaz de nos tocar profundamente.