Sim, eu trago o fogo,
o outro,
não aquele que te apraz.
Ele queima sim,
é chama voraz
que derrete o bivo de teu pincel
incendiando até ás cinzas
O desejo-desenho que fazes de mim.
Sim, eu trago o fogo,
o outro,
aquele que me faz,
e que molda a dura pena
de minha escrita.
é este o fogo,
o meu, o que me arde
e cunha a minha face
na letra desenho
do auto-retrato meu.
*Conceição Evaristo nasceu em Minas Gerais, em 1946. De origem humilde, desde cedo se encantou pelo mundo literário.
É formada em Letras pela UFRJ e mestra em literatura pela PUC/RJ.
Com sua escrita carregada de relevância, destaca-se por desbravar o retrato fiel da sociedade brasileira.
Criadora do termo “escrevivência”, palavra que denota toda a carga emocional do cotidiano que permeia a escrita.