Canta teu riso esplêndido sonata,
E há, no teu riso de anjos encantados,
Como que um doce tilintar de prata
E a vibração de mil cristais quebrados.
Bendito o riso assim que se desata
– Citara suave dos apaixonados,
Sonorizando os sonhos já passados,
Cantando sempre em trínula volata!
Aurora ideal dos dias meus risonhos,
Quando, úmido de beijos em ressábios
Teu riso esponta, despertando sonhos…
Ah! Num delíquio de ventura louca,
Vai-se minh’alma toda nos teus beijos,
Ri-se o meu coração na tua boca!
*Augusto dos Anjos, mais conhecido como “Poeta da morte”, nasceu em1884, na Paraíba, tendo notoriedade em suas poesias por se aprofundar em temas mais sombrios. Faleceu em 12 de novembro de 1914.