Tradução: Adelaide Ivánova.
Abortos não te deixam esquecer. Você se lembra das crianças que gerou mas não teve, Da polpinha molhada com pouco ou nenhum cabelo, Cantores e trabalhadores que nunca viram a luz do dia. Você nunca irá negligenciá-los ou bater Neles, ou mandar eles se calarem ou lhes comprar um confeito. Você nunca vai arrancar da boca o dedo que chupam. Ou espantar os fantasmas que aparecem. Você nunca vai abandoná-los, controlando seu suspiro luxurioso, Nem vai voltar para comê-los, com devoradores olhos de mãe.
Eu ouvi nas vozes do vento as vozes das minhas indefinidas crianças mortas. Eu me contraí. Eu acalmei
Meus entes indefinidos, nos peitos em que eles nunca mamaram. Eu disse, Queridos, se eu pequei, se eu tivesse decidido Sua sorte. E suas vidas de ter um alcance incompleto Se eu lhes roubei seus nascimentos e seus nomes, Suas lágrimas de bebê e suas brincadeiras, Seus amores estranhos ou fofos, seus tumultos, seus casamentos, suas dores, e mortes. Se eu envenenei o começo dos seus fôlegos, Acreditem em mim que mesmo na minha assertividade eu não fui assertiva. Mas mesmo assim porque deveria eu choramingar, Choramingar que o crime não foi meu? —Porque de todo jeito vocês estão mortos. Ou melhor, pelo contrário, Vocês nunca foram feitos. Mas isso também, suponho, É uma culpa: ai, o que é pra eu dizer, como dizer a verdade? Vocês nasceram, tiveram corpo, morreram. A diferença é que vocês nunca riram ou fizeram planos ou choraram.
Acreditem, eu amei todos vocês. Acreditem, eu conhecia todos vocês, ainda que pouco, e amei, amei vocês. Todos.
Respostas de 3
Essa crônica é um encantamento só, Caroline!
Obrigado por nos trazer à luz tão envolvente
e assertivo pensar sobre o aborto.
Meu carinho e meus aplausos.
Parabéns, Caroline!
Obrigado por nos trazer à luz tão envolvente
e assertivo pensar sobre o aborto.
Meu carinho e meus aplausos.
Obrigado, Caroline, por nos trazer à luz
tão maravilhosa e assertiva crônica sobre
o aborto. Sensacional!
Aplausos e um cordial e fraterno abraço.